Falta pouco para eu chegar aos 30 anos, e se tem uma coisa que aprendi nesse caminho é que a vida aos 30 não chega com todas as respostas, ela vem, na verdade, com mais perguntas.
Se você está chegando perto dessa fase, talvez também esteja percebendo que muitas das suas certezas vão cair por terra, e que isso, por mais desconfortável que pareça, é um ótimo sinal.
Esse texto faz parte de uma série que comecei a escrever chamada “Caindo a ficha aos 30” (mesmo que meu aniversário seja só em 2027, respira, ainda dá tempo de errar mais um pouco, haha).
🎭 A profissão dos meus sonhos aos 17 anos não é a mesma de hoje
Lembro da coragem e da ousadia que eu tinha ao sair do Ensino Médio. Eu tinha certeza de que viveria de teatro, e honestamente, ainda acredito que existe algo no teatro que me aguarda.
Mas hoje entendo que ele foi parte do caminho, uma ponte para eu viver experiências que me trouxeram até aqui, onde começo a enxergar meu real potencial.
No meio da licenciatura, me apaixonei pela educação. Amo dar aulas, mas percebi que amo ainda mais ser arteterapeuta.
Com muita terapia, compreendi que a educação é um lugar que me ajuda a estruturar a vida. Se eu tivesse essa clareza anos atrás, teria feito algumas escolhas diferentes. Hoje vejo que o universo (ou Deus, ou o acaso, tanto faz) me deu a chance de voltar para a educação com mais consciência, para construir uma base que me traga tranquilidade, enquanto sigo meu caminho como arteterapeuta.
É exaustivo? Sim.
Mas é necessário.
👨⚖️ Mudanças não têm idade
Meu pai, em 2025, aos 59 anos, se formou em Direito e passou na OAB.
Duvido que aos 28 ele imaginasse que um dia seria advogado.
Hoje, assim como eu, ele vive uma transição de carreira.
Algumas mulheres que estudaram comigo em arteterapia tinham 20 ou 30 anos de profissão, algumas já aposentadas.
Se tanta gente que conheço está se redescobrindo depois dos 50, por que não aceitar que as dúvidas perto dos 30 são naturais?
Nem sempre precisamos abandonar tudo. Às vezes é só sustentar duas coisas ao mesmo tempo, até que o novo possa nos sustentar, financeiramente e espiritualmente.
🕰️ Pensar na rotina, não só na profissão
Não sei se é algo meu, algo da geração ou uma mudança coletiva, mas hoje penso mais na rotina que quero ter do que na profissão que quero ter.
As perguntas que ecoam são:
“Como quero viver?”
“Como quero acordar e dormir?”
“Como quero me sentir realizando meu trabalho?”
“Onde quero estar?”
Aprendi a pensar nisso com a paciência de quem entendeu (ou tenta entender) que a vida é processo.
A rotina que sonho não nasce da noite para o dia.
Hoje, invisto em coisas que ainda estão longe do ideal, mas são o começo possível.
💥 Faça acontecer, mesmo que não seja o que você imaginou
Durante muito tempo, esperei o momento certo, a pessoa certa, o cenário perfeito.
Mas a verdade é que nunca vai estar tudo pronto, e o medo sempre vai existir.
Se eu não arriscar, nunca vou sair do lugar.
Aprendi isso comprando meu apartamento e tentando dirigir: nada foi do jeito que sonhei, mas foi do jeito que deu e isso já é o suficiente pra seguir.
💧 Saúde, água e protetor solar
Cuidar da saúde tem se mostrado urgente.
Vivi no automático e, quando percebi, cheguei ao auge do meu peso. Minha pele mudou, meu cabelo mudou e o que tem me salvado é o protetor solar.
Mesmo usando todos os dias, por desconhecer a importância da reaplicação, acabei com algumas manchas no rosto.
É assim que acontece: aos poucos, sem perceber, a gente descuida da saúde.
Agora corro pra recuperar o que dá pra recuperar.
Não quero fazer 30 toda acabada (e olha que ainda nem cheguei lá, haha).
Quero redescobrir o prazer de viver num corpo saudável, flexível, hidratado e dançante, antes dos 30.
🐸 Chega uma hora que você aprende a engolir sapos
Calma, não é sobre aceitar tudo calada.
É sobre escolher as guerras certas.
Tem coisa que simplesmente não vale a minha paz.
Existem momentos em que, por escolhas de vida, preciso engolir o orgulho, baixar a bola e seguir.
Já quis desistir mil vezes, mas sei onde quero chegar e, por isso, aprendi que paciência e foco valem mais que explosão.
💼 A vida não é só trabalho e eu não sou o que eu faço
Ser de 97 é carregar o caos dos Millennials e as dúvidas da Geração Z ao mesmo tempo.
Mas perceber colegas adoecendo porque o trabalho os define me fez entender que não quero viver assim.
Mesmo amando a arteterapia, quero que o trabalho seja parte da minha vida, não o centro dela.
Por mais incríveis que sejamos no que fazemos, isso não define quem somos.
🌱 Você vai continuar sendo iniciante, várias vezes
A gente cresce achando que a vida adulta traz certezas, mas talvez certeza seja só um mito bem vendido.
Um professor da pós me disse:
“Pra ser bom em algo, é preciso sustentar a dor de ser ruim.”
E é isso.
Pra evoluir, precisamos aguentar o desconforto do começo, do imperfeito, do que ainda está sendo construído.
Seremos iniciantes em muitas fases e tudo bem.
O importante é sustentar o processo.
Chegar perto dos 30 tem sido um convite pra aceitar que a vida não é uma linha reta, é uma curva cheia de retornos, desvios e recomeços.
Alguns planos mudam, outros se dissolvem, e alguns sonhos voltam com novas formas.
Talvez amadurecer seja isso: parar de buscar um destino perfeito e aprender a caminhar, mesmo tropeçando.
E se tudo der errado, ainda tem água, protetor solar e o direito de recomeçar quantas vezes for preciso.



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