Blog Della

Blog pessoal da Bru desde 2012. Considere que escrevi alguns posts no auge da minha adolescência.

Bruna Della
25 anos. Tendo crises de identidade, sexualidade e pedi demissão para viver um sonho que ainda não sei identificar. Bruxa, artista, cartomante e estudante de arteterapia. Compartilhando desde os 15 anos minhas experiências em forma de textos, fotos e vídeos.
R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia, São Paulo - SP, 01212-000, Brasil

10 anos de Cia Mungunzá até dia 10 de Dezembro no Teatro de Contêiner

Fonte: Cia Mungunzá de Teatro - Epidemia Prata

     Para quem não sabe, estive em cartaz com o espetáculo "Somente uns Restos de Água em uma Piscina Vazia" no Teatro de Contêiner, um dos espaços que mais me instigam, local em que fui provocada diversas vezes. A questão é: se você está procurando por eventos culturais em São Paulo gratuitos (e/ou com preços acessíveis) você deveria ler esse post inteiro.
     A Companhia de Teatro Mungunzá, responsável pela construção do Teatro de Contêiner, comemora 10 anos de existência. Um grupo de atores que trabalha com diversos diretores convidados, pesquisando o teatro contemporâneo e explorando o despertar de reflexões sobre o social e cultural. Segundo o próprio site do cia:

Nos seus espetáculos o grupo prima pela polifonia e hibridismo das linguagens artísticas, trabalhando a encenação como dramaturgia e o ato performático como atuação. Fomentam o fazer artístico como prática política e social.

     Através de entrevista para o Itau Cultural, contam que o grupo se originou quando os atores estavam recém formados na escola de Teatro Macunaíma e Célia Helena. O grupo normalmente fica durante dois anos em processo para só então estamparem o espetáculo para o público, um processo que demora dois anos (em um mundo de imediatismo como o nosso) é de se imaginar a densidade de seus trabalhos. 

Teatro de Contêiner 

     A Companhia também é responsável pela construção e realização do Teatro de Contêiner.

No segundo semestre de 2016, buscando uma sede para abrigar seus trabalhos e uma relação mais direta com a Cidade, a Cia Mungunzá de Teatro fixou através de uma parceria, mediante um “Termo de Cooperação” junto ao Poder Público Municipal, a concessão do lote localizado na Rua dos Gusmões, número 43, Santa Efigênia, para implementação de inúmeras possibilidades artísticas e educacionais no local. O terreno de aproximadamente 1000m2 ,situado entre a Rua dos Protestantes e a Rua General Couto de Magalhães, região central de São Paulo, está sob o domínio da Prefeitura Regional da Sé

    Com o dinheiro guardado dos trabalhos realizados conseguiram então após pesquisas e muita resistência, construir um Teatro inteiro feito de Contêiner. O espaço era uma área pública da cidade inutilizada, com um grande potencial mas mesmo assim, parado. O teatro é encantador, uma intervenção urbana que conecta o artístico a um dos espaços que o Paulistano se afasta. Além de ser a sede do grupo, é também espaço para diversas manifestações culturais como espetáculos teatrais, shows, cinema e até atividades educacionais. Definitivamente é um dos lugares que considero de extrema importância que conheçam quando estiverem por São Paulo, frisando que não apenas o teatro é um espetáculo mas como os trabalhos apresentados por lá são extremamente necessários para os dias atuais.
   Até hoje a Companhia estreou cinco espetáculos, sendo que só assisti o ultimo estreado este ano no Sesc 24 de Maio. Felizmente em comemoração aos 10 anos de Mungunzá, eles entraram em cartaz com todos os espetáculos de seu reportório, nos dando a oportunidade de assistirmos por fim, todos os espetáculos apresentados pelo grupo durante sua trajetória de Outubro até Dezembro de 2018, são eles:

Epidemia Prata

     O espetáculo “Epidemia Prata” traz uma costura entre duas linhas narrativas: a visão pessoal dos atores sobre os personagens reais que conheceram em sua atual residência no Teatro de Contêiner – Centro de São Paulo, e o mito da medusa, que transforma pessoas em estátuas. Trata-se de uma pequena gira teatral. Dura. Sólida. Nessa gira, a poesia é como um rato, deve se espremer pelos cantos para superar um céu de metal. Repleto de imagens e predominantemente performático e sinestésico, o universo PRATA, no espetáculo, assume uma infinidade de conotações que vão desconstruindo personagens estigmatizados pela sociedade e compartilhando a sensação de petrificação diante de tudo.

Direção: Georgette Fadel
Quando: 16 a 26 de outubro
Dias: terças, quartas, quintas e sextas
Horário: 20h
Quanto: Ingresso consciente (você escolhe quanto pode/acredita que deve pagar)

Poema Suspenso para uma Pequena Cidade

     Uma pessoa cai do topo de um prédio e não chega ao chão. Os anos passam e este corpo não consuma a queda. A partir daí, a vida das pessoas nos apartamentos fica presa numa espécie de buraco negro pessoal, onde cada um vive uma experiência que não finaliza, que gira em círculos, não se desenvolve e não olha para seu entorno. Cada personagem fica preso em sua metáfora, ignorando o conjunto à sua volta. Trata-se de uma fábula contemporânea sobre a sensação de suspensão e paralisia geral do mundo contemporâneo. Através do excesso de possibilidades, de informações e uma abertura de infinitos caminhos a percorrer em um segundo, o homem para diante de tudo e começa a traçar um caminho circular dentro de seu reduto que, muitas vezes, ilude a vida, mas, na verdade, é puro preenchimento de espaço.

Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi)
Quando:  02 a 12 de novembro
Dias: sextas, sábados, domingos e segundas
Horário: 20h
Quanto: Ingresso consciente (você escolhe quanto pode/acredita que deve pagar)

Era uma Era 

     Em Era uma Era as personagens que contam a história do Grande Reino Ainda Sem Nome surgem de uma caixa abandonada. Barba Rala, rei deste Reino deseja a todo custo entrar para a história dando um nome ao seu Reino. A única forma que um Reino tem de ser reconhecido e entrar para a história, é completando 100 páginas no Grande Livro de Autos. Assim, o rei resolve registrar todo e qualquer passo nesse livro. Até que um dia, após um incêndio, o livro é destruído e os habitantes tem que recomeçar sua vida do zero. No entanto, nessa segunda parte da história, os tempos são outros e a tecnologia domina a vida das pessoas. A peça se repete, mas completamente contextualizada no caos da era digital. Novamente o Reino cresce e vai se preenchendo de memórias e registros e selfies até entrar em colapso de novo. O que pode salvar a memória de um reino?

Direção: Verônica Gentilin
Quando:  03 a 11 de novembro
Dias: sábados e domingos
Horário: 16h
Quanto: Ingresso consciente (você escolhe quanto pode/acredita que deve pagar)

Luis Antonio-Gabriela 

     O espetáculo Luis Antonio-Gabriela revela a trajetória, por meio de impressões recortadas, de uma travesti de meia idade que, posteriormente, se tornou uma figura conhecida no exterior sob o codinome Gabriela. Por meio de levantamentos biográficos que consistem em fotografias, diários, cartas, entrevistas com familiares e amigos e objetos pessoais, a Cia Mungunzá de Teatro leva ao palco a forte história que se passa sob o reflexo da violência familiar em decorrência da ditadura militar a partir de vários pontos de vista. O irmão caçula abusado sexualmente pelo mesmo, a irmã mais velha que sai em busca do corpo do irmão pelo mundo, um pai que não o reconhecia como filho, amigos e colegas de trabalho que detinham um misto de estranhamento e admiração por sua figura, e pelo próprio olhar de Luis Antonio, garoto que aos oito anos descobre a homossexualidade e desde então entra em uma busca incessante pela própria identidade, pela qual se descobre a vida

Direção: Nelson Baskerville
Quando: 16 a 26 de novembro
Dias e horários: sextas às 21h / sábados, domingos e segundas às 20h
Quanto: Ingresso consciente (você escolhe quanto pode/acredita que deve pagar)

Porque a criança cozinha na polenta 

     A história gira em torno de uma menina romena cujos pais são artistas circenses exilados de seu país. A mãe se pendura no trapézio pelos cabelos todas as noites. O pai é um palhaço que não acredita em Deus, pois “Os homens acreditam menos em Deus do que as mulheres e as crianças, por causa da concorrência”. Narrado por uma adolescente que se defende da degradação pela ótica infantil, este livro é ao mesmo tempo lírico e cruel... Enquanto, em seu exílio, excursiona pela Europa Central, a menina, ao lado da irmã mais velha, é arremessada de encontro ao despedaçamento de todos os seus ideais, bem como o preço por cada um deles.

Direção: Nelson Baskerville Nelson Baskerville
Quando: 30 de Novembro a 10 de Dezembro
Dias: Sextas, sábados, domingos e segundas 
Horários: 20h
Quanto: Ingresso consciente (você escolhe quanto pode/acredita que deve pagar)

Para mais informações sobre a Companhia ou sobre a os espetáculos em cartaz por conta dos 10 anos de Repertório, acesse o site da companhia.

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Agenda lotada!! Parabéns pelas sessões! Avisa se vier para região metropolitana de Porto Alegre, se vier na Feevale melhor ainda!!

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  3. Aaaaa que maravilhosoooos!! Gosto muito de teatro, e a iniciativa deles em ter uma sede que possui princípios sustentáveis e peças de cunho psicológico/político/sociais me instigam muito! As narrativas que mais me chamaram a atenção foram Poema Suspenso para uma Pequena Cidade, Epidemia Prata e Porque a Criança cozinha na Polenta, embora as demais também apresentem grande densidade <3 Parabéns pelo post Della, e "muita merda" pra vocês <3

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    1. Miga, o teatro de contêiner é maravilhosoooooo.
      Eu to louca para assistir "Porque a Criança cozinha na polenta" vivem comentando desse espetáculo da Mungunzá e to felizona que voltará. Obrigada pelo comentário pertinente ♥

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  4. Nunca tive oportunidade de assistir um espetaculo. Esse Companhia de Teatro Mungunzá parece ser incrível por ter todo esse elenco. Já anotei pra tirar um tempo pra assistir

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  5. Uma vez assisti um espetáculo de um amigo que fazia teatro. Foi lindo e quase choramos de tão felizes que ficamos. Infelizmente o teatro de onde moro está parado por causa de obras há anos e nunca tem nada lá. Se quiser ver um espetáculo, procure outro lugar. Infelizmente é muito triste, lugar onde poderia ter cultura, não tem.

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    1. Muito triste, meus pesames pelo teatro da tua cidade hein?! Junta a galera e reivindique seus direitos, arte deve ser para todos.

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  6. Interessante a forma como vocês observam os detalhes da vida. A companhia parece ser ótima.

    Sou Nerd

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  7. Gostei muito do conteúdo , muito interessante e que bom que a arte inspira varias pessoas

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