Blog Della

Blog pessoal da Bru desde 2012. Considere que escrevi alguns posts no auge da minha adolescência.

Bruna Della
27 anos. Capricorniana. Um cargo publico e passando por uma transição de carreira para arteterapeuta junguiana. Umbandista, artista, cartomante, atriz e professora de teatro. Compartilhando desde os 15 anos minhas experiências em forma de textos, fotos e vídeos.

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Umbanda Sagrada: DIário de Bordo (2 anos)



  Dá para acreditar? Em Junho de 2023 eu compartilhava meu primeiro diário de bordo na gira de desenvolvimento. E hoje, me toquei que já estou nesse processo faz 2 anos.

  Eu fico triste de não ter dado continuidade aos diários, pois, ao ler sobre a primeira e segunda gira, percebo tantas coisas e nuances que hoje já fazem um pouco mais de sentido.

 Descobri na Umbanda, uma família que pedi muito para ter, inclusive, foi um dos pedidos do meu Mapa dos Sonhos de 2023: encontrar uma família espiritual, que guia, que cuida.

 Nesses dois anos, passei por muitas experiências que pensei que demorariam anos e também ainda não passei por muitas outras que nem imagino que chegarão. Vivenciei um casamento umbandista, a despedida e o desencarne de uma irmã, batismo, obrigações e entregas, trabalhos de cirurgias espirituais e muito mais. Fiz curso de Reiki, curso de Herbalismo e estou prestes a entrar no curso de Xamanismo. 

 Mas, percebi também que é necessário muuuuuito estudo e da mesma forma que me sinto na vida profissional, me sinto aqui: sempre haverá algo a ser estudado, quanto mais estudo, mais sei que nada sei.

 Eu realmente quero compartilhar as experiências que já tive e outras que terei por aqui, com parcimonia, pois também aprendi que o que vivemos no sagrado deve ser mantido no sagrado, terei que descobrir essa dose, além de não saber por onde começar, já que se foram muitas coisas importantes.

 Agora, depois de dois anos, estou começando a ter um pouco mais de confiança e perceber que algumas informações, de maneira simbólica, são enviadas durante o processo de desenvolvimento. Eu deixo sempre um caderno e lápis próximo, para anotar ou desenhar coisas que eu vi ou veio em mente e com isso, já recebi o nome de alguns guias que trabalham comigo, tenho medo de dar os nomes e com o passar do anos descobrir que não era nada daquilo, rsrs, mas, cansada de usar o poder da dúvida para me descredibilizar como sempre faço, usarei para dar um voto de confiança em meu próprio processo. Já consegui captar o nome de minha mentora espiritual que vem apenas em dia de amaci, da Pomba-gira que vem se revelando e confirmando aos poucos, do Exu Mirim que esfregou seu nome em minha cara, e em partes o nome da Cabocla.

 Cada informação ou imagem que vem, parece que a gente vai recebendo tesouros, é de uma alegria imensa e que quando confirmado, a gente percebe que não está ficando louco.

 Algo importante que me auxilia e fica de dica para quem estiver entrando nessa jornada também é: escolha seus padrinhos com sabedoria. Não escolha aqueles por quem tem mais afinidade, ou aquele que te apresentou a casa, escolha aquele que você sente confiança de que na hora que o calo apertar, ele e ela poderão te auxiliar com sabedoria e conhecimento. Pois, é essa confiança concreta e que não se baseia apenas em afetos, que vai sustentar sua caminhada quando não houver afeto, quando houver desespero. Escolha a pessoa que você confia de perguntar as coisas mais cabeludas do processo e tem a certeza que encontrará naquela pessoa respostas, independente dela gostar ou não de você. 

 O gostar ou não é outro ponto que precisa ser destacado. Assim como em qualquer lugar que frequentemos, existirão pessoas que iremos nos alinhar mais ou menos, somos seres humanos e falhos e nossos irmãos também são seres humanos e falhos, todos, TODOS, estão em processo de desenvolvimento assim como eu, portanto, você passará raiva, terá contato com seus complexos, sentimentos, dores e amores e você deve ser resiliente e lembrar-se que seu propósito dentro do terreiro é o desenvolvimento da tua espiritualidade, o contato com a ancestralidade, permitir o trabalho dos guias e tudo mais e não fazer amiguinhos, ter seu ego amaciado etc. Lembrar-se do seu propósito, garantirá que as coisas mundanas não te afetem tanto e você possa ter um melhor desenvolvimento. Não é para não fazer amigos, mas é saber que talvez você não vai muito com a cara de uma pessoa, que a fala de outro pode cutucar uma feridinha emocional sua e que as pessoas do terreiro não tem que gostar ou desgostar de você, deve haver respeito entre ambos e obviamente, foco no que importa.

 Ai, o preconceito familiar. Esse é um assunto delicado. Nunca, nunca, me questionaram sobre eu ir para a igreja todo Domingo, nunca abordaram minha avó sobre isso ou quiseram saber o que eu fazia aos domingos e sábados, isso nunca foi uma pauta. Alguns familiares nunca me mandaram mensagens perguntando como eu estava. Mas, desde que postei pela primeira vez abertamente sobre algo da Umbanda, recebo comentários sobre. Primeiro veio um "não acredito, você já foi batizada, chega a doer o coração", depois uma pessoa que nunca trocou mensagem comigo me perguntou "Desculpa a pergunta: qual sua religião?" mãe da esposa de um primo que nos vemos em churrascos. E então, em uma viagem para visitar minha avó, uma tia avó que não vejo fazem uns 7-8 anos, foi falar com minha avó a provocando sobre o fato de eu estar na Umbanda. Minha avó nem sabia disso ainda. Mas, ninguém vem diretamente conversar comigo. Eu percebi em alguns churrascos que algumas conversas já não acontecem mais, conquistas como a do apartamento que geraria horas de perguntas e conversas não existiram, uma tia ficou um tempo sem olhar no meu rosto e olhos, sem se sentar a mesa comigo, só depois de alguns eventos familiares que ela percebeu que eu continuo a mesma, que agora algumas coisas estão mudando. Desde a pandemia, antes mesmo de eu pensar na Umbanda, não faço mais parte do grupo de família, percebi que sempre que eu postava algo, havia respostas e perguntas, coisas que não ocorriam com outros participantes e familiares católicos ou evangélicos, me doeu porque eram de pessoas que eu na adolescência considerava referência de força, desconstrução etc "quando crescer, quero ser descolada igual elas" e do nada, a pessoa não me responde mais e quando me respondia era com farpas, resolvi me poupar e desde então, não faço a menor ideia do que é conversado nesses grupos. Eu realmente nunca imaginei que fosse ser uma questão, afinal, tem pessoas católicas e de diferentes igrejas, evangélicas, meus pais espiritas já passavam por alguns poucos comentários, mas de virem me questionar ou provocar minha avó, super católica, é de uma invasão sem tamanho. Nenhuma dessas pessoas veio de fato conversar comigo para compreender o que é a Umbanda. Na viagem, eu conversei com minha avó e expliquei pra ela, foi uma conversa linda, respeitosa, emocionante, uma troca genuína. Mas, tirando ela, ninguém veio iniciar um diálogo honesto cara a cara, eu só fico sabendo das conversas depois.

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